Para que serve Arteterapia? É o que vamos discutir nesta publicação.
Vou falar também sobre como ela surgiu, o processo de aplicação e o papel do arteterapeuta.
Mas, antes de mais nada, falemos sobre as ideias equivocadas sobre Arteterapia.
Para que não serve a Arteterapia
Algumas pessoas imaginam que arteterapia seja uma série de passatempos ou jogos que fazem bem para a saúde, favorecendo o relaxamento e a higiene mental.
Muitas atividades arteterapêuticas podem até resultar em sensações de alívio e relaxamento. Porém, não é para isso que serve a arteterapia.
Quem se submete a um processo terapêutico, através dos recursos da arte, nem sempre se sente “nas nuvens” após uma sessão.
Pelo contrário, esse processo pode gerar momentos difíceis porque serve, principalmente, para viabilizar emoções de difícil elaboração.
Ou seja, a arteterapia não serve como diversão e distração, nem como desvio dos problemas.
Ela nem mesmo pretende transformar ninguém em mestre das artes.
“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar. Só assim é possível mudar a realidade…” Nise da Silveira
Como surgiu a arteterapia
A arteterapia surgiu da necessidade de a psiquiatria encontrar meios mais fáceis de acessar e compreender como funciona a (antigamente chamada) doença mental.
Desse modo, a arteterapia estabeleceu-se solidamente no início do século XIX, pelo médico alemão Johann Reil. Ele cunhou um procedimento terapêutico, com finalidade psiquiátrica, onde se utilizou de formas artísticas, como desenhos, sons e textos.
No século XX, o psicólogo suíço CG Jung também passou a trabalhar com a arte, através da Imaginação Ativa. O envolvimento de Jung, através desse método foi importantíssimo para o desenvolvimento profissional da arteterapia.
A sua proposta de elaboração de fantasias como um meio de explorar o inconsciente foi inovadora.
No Brasil, esse movimento iniciou-se, no começo do século XX, com o psiquiatra Ulysses Pernambucano que desenvolveu trabalhos que estimulavam a expressão artística dos pacientes.
Posteriormente, já na segunda metade desse mesmo século, a Dra. Nise da Silveira, também psiquiatra, deu um forte impulso para tornar essa terapêutica uma prática.
Seu trabalho, baseado nas ideias de Jung, foi determinante para chamar a atenção ao papel da arte na psicologia. Com efeito, demonstrou como a arte pode ser um meio de diálogo com o inconsciente, na manifestação das patologias psíquicas.
Em suma, há mais de cem anos a arte vem facilitando a intermediação entre a consciência e o inconsciente. A partir daí surge a arteterapia.
Então o que realmente faz a arteterapia?
Para que serve Arteterapia
O objetivo da arteterapia é ajudar as pessoas a enfrentarem seus problemas, através do criar e do produto da criação.
O processo arteterapêutico permite que o paciente, enquanto criador, descubra e conheça seu potencial de transformação.
Assim, auxilia a enfrentar situações emocionais dolorosas.
Do mesmo modo ajuda a lidar com questões que bloqueiam nosso pensar e agir.
Além disso, durante todo o processo, a pessoa terá condições de compreender a natureza dos seus problemas e de se auto conhecer.
O processo de aplicação
O processo de aplicação obedece a normas éticas que visam resguardar a integridade física, psíquica e mental do cliente.
Há diversas formas de aplicar a arteterapia. As modalidades expressivas podem ser, por exemplo, artes corporais, como a dança, ou artes da escrita, como contos, fotografia, etc.
Já na aplicação das artes plásticas, materiais diversos são utilizados como instrumentos criativos, desde os mais clássicos, como lápis de cor até objetos diversos de sucata.
Nas sessões, o cliente é convidado a ilustrar suas emoções através de criações espontâneas, com os materiais ou outros meios oferecidos.
Esse processo criativo é conduzido através de técnicas expressivas.
Por sua vez, estas são direcionadas especificamente às necessidades que vão surgindo durante as sessões.
De acordo com as necessidades individuais do cliente, um certo número de sessões será decidido.
Desse modo, a aplicação do processo exige um profissional tecnicamente qualificado.
Esse profissional tem que ser instruído para compreender e direcionar os conteúdos psicológicos que se revelem durante o processo.
Assim sendo, o arteterapeuta é um profissional que pode oferecer recursos e aplicar as técnicas expressivas de exploração psicológica e criativa.
O arteterapeuta
Se o arteterapeuta é instruído em aplicar técnicas e entender processos psicológicos, ele deveria ser um psicólogo?
A resposta é: não necessariamente.
O arteterapeuta recebe uma formação acadêmica direcionada para a aplicação e direcionamento das técnicas.
A arteterapia auxilia o processo de tratamento psicológico.
O arteterapeuta trabalha em consonância com o psicólogo, que é o profissional qualificado para gerenciar todo o processo.
O profissional de psicologia é aquele que tende a prescrever o tratamento de arteterapia.
Assim também, pode ser responsável em monitorar as condições gerais de desenvolvimento do cliente, quando necessário.
Por outro lado, o arteterapeuta é o profissional de conduz particularmente o processo junto ao cliente, sem necessidade da presença física de um psicólogo.
Facilitador – para que serve?
Como visto, o processo faz do arteterapeuta um condutor, ou facilitador.
Em outras palavras, o arteterapeuta trabalha para facilitar esse processo a partir de recursos artísticos que conduzem o cliente a uma experiência criativa.
Seu papel é de acolher as questões e dificuldades trazidas pelo cliente para serem o foco do trabalho.
A conduta acolhedora do arteterapeuta e sua habilidade de facilitação conduzem o cliente a um processo de transformação.
Nesse processo o cliente é o protagonista. Pois é ele/ela que vai encontrar o caminho de compreensão e resolução.
Contudo, o arteterapeuta sempre providenciará o suporte técnico e psicológico ao cliente durante todo o processo de atendimento.
Um exemplo de atendimento
Veja um exemplo de atendimento para servir de ilustração de como funcionam as sessões.
A arteterapeuta Dra. Natalie Rogers nos mostra um exemplo bastante representativo de atendimento.
Neste exemplo, a sua cliente, Suzen, quer mudar radicalmente de profissão. Porém tem medo de ter que enfrentar problemas financeiros e de se arrepender.
Ela sustenta padrões de pensamentos negativos com relação à sua decisão. Seu dilema se encontra em abandonar sua promissora, mas entediante carreira contábil, para se dedicar a cuidar de cavalos.
Através da arteterapia, Suzen chega a encontrar clareza, equilíbrio e serenidade para tomar uma decisão definitiva.
Como será que isso acontece?
Você poderá ter uma ideia de como isso funciona. Clique aqui no link para um vídeo demonstrativo, gentilmente oferecido pela Dra. Natalie Rogers.
A arteterapia para o autoconhecimento
A arteterapia é uma ferramenta para se atingir o autoconhecimento.
Essa é a síntese do seu papel auxiliar da psicologia.
É assim, primeiramente, porque funciona como ferramenta de facilitação, que respeita os limites das condições psíquicas dos clientes.
Além disso, as suas técnicas expressivas de facilitação auxiliam o cliente a acessar emoções e sentimentos inconscientes em um ambiente seguro.
Nesse sentido o arteterapeuta é o profissional que tem qualificação para ouvir o cliente, refletir sobre as suas experiências emocionais e ajudá-lo a trilhar o caminho de ressignificação.
A arte é condição e resultado que dá significado às emoções vividas durante processo de ressignificar as experiências conflitantes.
Em conclusão, a arteterapia é uma das mais completas ferramentas para o autoconhecimento.
Por causa disso, sua função é de ajudar a entender os conflitos internos e ressignificá-los. Desse modo, a arteterapia auxilia o indivíduo a encontrar recursos para viver integralmente as experiências da vida.
Talvez você ainda tenha dúvidas sobre para que serve a arteterapia.
No próximo artigo, falarei mais sobre arteterapia e seus benefícios.
Enquanto isso, quero saber mais de sua opinião sobre o assunto.
Deixe seu comentário para podermos trocar ideias sobre arteterapia.
Obrigada!
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