O uso de mandalas na psicoterapia tem sido muito difundido ultimamente.
A figura da mandala se tornou popular na tendência da “nova era” e no atual conceito de holismo, ou filosofia holística.
Neste artigo, vamos entender melhor como e porque a mandala é usada em psicoterapia, para além da sua popularidade atual.
Mandalas na psicoterapia: a origem da mandala
A palavra mandala vem do sânscrito e significa recipiente da essência.
Antes de mais nada a simbologia das mandalas está presente em várias tradições religiosas e culturais, principalmente na cultura oriental.
Na tradição hindu a mandala representa a presença divina no centro do mundo.
Sobretudo o simbolismo da mandala denota um ritual cerimonial que facilita a concentração e a contemplação.
Por isso utiliza-se a mandala como suporte para a meditação, podendo ser desenhada no chão para rituais de iniciação.
Porém, o objetivo maior é ampliar a consciência, levando a uma identidade com a consciência universal
Ou seja, nas culturas orientais a mandala representa a essência e imagem do criador universal, que está em todos os lugares, inclusive dentro de cada um de nós.
As mandalas tibetanas
As famosas mandalas tibetanas são feitas de areia.
A areia usada é o resultado de maceração de mármore, especialmente para a confecção de cada mandala. É uma produção manufaturada artesanalmente, desde a escolha das pedras até a montagem da figura final.
Sobretudo por trás de toda essa produção há propósitos definidos, que se relacionam com vários aspectos: espiritual, social, estético e metafísico.
A finalidade da construção de mandalas é estimular as visualizações mentais, acompanhadas de instrumentos musicais.
Dessa maneira as mandalas tibetanas são conhecidas pelo apurado senso artístico, expressado por meio da pintura e da escultura.
Porém o mais interessante de tudo isso é que depois da construção de cada maravilhosa mandala, os monges a destroem. Esse ato é muito importante para a doutrina budista, pois simboliza a impermanência.
Neste sentido, esta é uma metáfora da própria natureza mortal da vida humana. Cada um constrói uma vida que será inexoravelmente destruída.
Afinal, a essencial meta do budismo é o total desapego do ego. Pois tudo o que construímos é consequência da ação do ego.
A mandala na psicologia junguiana
Em termos de psicologia junguiana, a mandala representa a essência do Self, ou o criador e mantenedor da vida.
Em contraste com o ego, que é uma unidade mortal e finita, o Self é imortal e infinito.
Efetivamente a forma circular da mandala representa a totalidade do ser, como Self, e concentra a energia vital.
O psicólogo Carl Gustav Jung descobriu o símbolo da mandala a partir de estudos de textos antigos orientais.
Ademais, essa descoberta coincidiu com a sua própria experiência e com a sua prática em atendimentos psicoterápicos. Seus pacientes relatavam sonhos que configuravam mandalas tradicionais: formas circulares, ou estruturas quaternárias.
Em seus aprofundados estudos, Jung concluiu que quando a figura da mandala aparece indica uma necessidade da psique de buscar equilíbrio para algum conflito ou desordem do estado psíquico.
Assim na psicologia analítica, a mandala simboliza o arquétipo da ordem, da integração e da plenitude do ser.
Mandalas na psicoterapia
A psicoterapia junguiana trabalha com mandalas de diversas maneiras.
Em primeiro lugar, as imagens de mandalas favorecem a concentração, visando alcançar estados profundos de interiorização.
Em segundo lugar, funcionam como meio de contemplação para inspirar a serenidade e ajudar a encontrar equilíbrio psíquico, dando sentido à vida e exercendo função criativa e estimulante.
Por outro lado, a figura, ou símbolo, da mandala frequentemente pode surgir espontaneamente nos sonhos.
Na verdade, Jung vai ainda mais além, dizendo que a mandala é uma imagem interior, construída gradualmente através do método de imaginação ativa.
Desta forma, ele entende que a mandala é fruto da natureza da psique, sendo um fenômeno naturalmente humano.
Em outras palavras, se manifesta como uma reação natural da psique na tentativa de auto cura.
Acima de tudo, manifesta-se como autorregulação do equilíbrio entre consciência e inconsciente, ou entre alma e corpo.
Portanto, a psicoterapia trabalha com mandalas para atuar sobre a consciência.
Utilização da mandala na imaginação ativa
Com efeito, quando a figura da mandala surge como imagem, o terapeuta utiliza a imaginação ativa para estimular a manifestação deste símbolo.
Deste modo o indivíduo pode materializar a mandala em desenhos, pinturas e qualquer outro meio de manifestação visual, escultural, etc.
Como resultado, quando um indivíduo produz uma mandala, sob supervisão de um profissional terapeuta, encontra maior facilidade para ampliar a consciência.
Efetivamente, essa ampliação traça caminhos para a solução de conflitos, antes aparentemente insolúveis.
Em síntese, a mandala é um símbolo essencial no processo psicoterápico que, quando adequadamente compreendido, pode trazer o resgate do sentido de vida, independentemente de aspectos religiosos ou culturais.
Espero que este artigo tenha sido útil para alguns esclarecimentos sobre o uso psicoterápico da mandala na psicoterapia.
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Abraço,
Monica
Muito bom seu artigo, Monica. Obrigada
Obrigada, Cristina!